Lesados com papel comercial do GES protestam enquanto CMVM e Banco de Portugal culpam um ao outro
Aproximadamente cinquenta pessoas invadiram as instalações do Novo Banco, na baixa de Coimbra, nesta quinta-feira, 19 de fevereiro e exigiram o dinheiro investido em papel comercial do Banco Espírito Santo (BES). A invasão foi pacífica e os manifestantes gritavam palavras de ordem como “Queremos o nosso dinheiro”. Em lado oposto a manifestação, o Banco de Portugal diz que a competência é da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, já a CMVM entende que a responsabilidade é do Banco de Portugal. Dessa forma, conflito estalou.
Ricardo Ângelo, presidente da Associação de Defesa dos Clientes Bancários Lesados os clientes do BES que investiram em papel comercial das ‘holdings’ do GES estão desesperados pela situação em que se encontram. “As pessoas estão desesperadas porque perderam a poupança de uma vida”, declarou Ângelo. Ele ainda afirmou que os clientes prejudicados, em sua maioria, idosos, tinham poupanças e eram clientes do BES. Eles foram instruídos a investirem nestas aplicações – papel comercial da Espírito Santo International (ESI), Rioforte e ESPART –, sem fazerem ideia de que eram produtos com risco.
Para os clientes, que foram diretamente afetados, a ideia é de indignação total. “Isto não vai ficar por aqui, nem que tenha de assediar as instalações do Novo Banco de todo o país durante toda a minha vida”, disse Fernando Fernandes, um dos clientes lesados que esteve presente na manifestação.
Em agosto de 2014, o Banco de Portugal assumiu o controle do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros e anunciou a separação da instituição em duas entidades: um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos assim como os acionistas e o banco de transição que foi designado Novo Banco.
Fontes: Observador e Público
Por Fábio Giacomelli e Stephanie Freitas
Foto: PAULO NOVAIS/LUSA