O público e privado internacionalmente discutido na UBI
Discutir o tema do público e privado nas comunicações móveis foi o mote que juntou vários profissionais na Universidade da Beira Interior.
Por: Adriana Ribeiro
A Faculdade de Artes e Letras da UBI recebeu entre os dias 19 e 20 de março, a “International Conference Public and Private in Mobile Communications”. A conferência juntou investigadores de vários países, onde durante os dois dias do evento, apresentaram ao auditório os seus trabalhos. Conceitos como “selfies”, aplicações de partilha de imagens, smartphones e privacidade foram algumas das palavras-chave deste encontro.
Amparo Lasen, professora de sociologia da Universidade Complutense de Madrid iniciou a sessão da manhã do segundo dia com o tema “Digital Self-portraits, Exposure and the Modulations of Intimacy”. A sua palestra teve como ponto principal o aumento de autorretratos (“selfies”) no meio digital e das alterações desta nova prática na vida dos indivíduos. Para a professora, nos últimos anos, assistiu-se a uma mudança de paradigma. Se antes tirar ou fazer um retrato era sinónimo de poder, hoje, graças aos dispositivos móveis, tornou-se algo banal. Segundo Lasen “este aumento da presença das fotografias e o desenvolvimento de formas visuais de comunicação e interação, criam formas de modelar a intimidade e de problematizar a relação entre o público e o privado”. Esta conclusão é fundamentada num estudo que a professora levou a cabo em adultos entre os 25 e 45 anos em Madrid, para perceber de forma mais detalhada as implicações das “selfies” na vida quotidiana.
Dentro da mesma temática decorreu a palestra de Gaby David. A convidada abordou a partilha de fotografias nas redes sociais com base no estudo realizado por si, “All What We Send is Selfie. Images in the Age of Private, Immediate Reproduction”.
A autora afirma que os dispositivos móveis ganharam um papel importante na vida dos indivíduos. Numa pesquisa realizada em 2009, verificou existirem géneros de fotografias que hoje são habituais encontrar, como o caso dos autorretratos tirados em frente ao espelho. O aumento destas fotografias e a sua partilha colocam no espaço público ambientes do espaço privado. A necessidade de partilhar imagens traz também a vontade de manter a privacidade. Atentos a esta vontade, Gaby David, diz que é cada vez mais comum encontrar aplicações que permitem essa opção como o caso do Snapchat ou o Skype Qik. Outra conclusão que a autora faz é que atualmente vivemos numa era onde diariamente ocorre uma apropriação de espaços da internet por parte dos dispositivos móveis. Esta realidade da era web 2.0 coloca à disposição vários conteúdos e implica a interação entre o aparelho e o utilizador, sempre com no sentido da jogabilidade e do divertido.
Para além dos convidados internacionais, durante os dois dias da conferência professores da universidade como João Correia, António Bento, José Ricardo Carvalheiro e Ana Serrano Tellería foram também convidados a discursar.